- Primeiramente devo dizer que há uma discordância entre a definição de “Adulto” dada pelo dicionário e a definição segundo a lei, pois o fato de um indivíduo ter atingido os 18 anos de idade não necessariamente está vinculado ao seu desenvolvimento emocional e intelectual, ou seja, devemos lembrar que a idade física não representa, necessariamente, um amadurecimento cognitivo. Segundo Jean Piaget, “É o caráter integrativo, segundo o qual as estruturas construídas numa idade dada se tornam parte integrante das estruturas da idade seguinte”, ou seja, há uma correlação entre as fases do desenvolvimento humano, o que lembra a teoria de Erik Erikson, o qual diz que “da solução de uma etapa dependerá o comportamento na etapa seguinte”. Também não podemos esquecer do quanto o desenvolvimento cognitivo tem relação com o meio. No entanto, mesmo assim, cada indivíduo possui suas particularidades, o seu ritmo, isto é, sua individualidade.
Portanto, nem todos os indivíduos que possuem 12 anos de idade atingem o estádio operatório formal. Além disso, apesar da idade de 18 anos estar agregada a um “marco de passagem” para a vida adulta, isto não, necessariamente, tem haver com o pleno desenvolvimento do intelecto, pois cada pessoa possui um caráter individual, o qual está associado a sua história de vida.
Quanto à relação professor-aluno na educação de jovens e adultos, não basta o professor apenas passar o conteúdo, esquecendo da relação que deve ser estabelecida em sala de aula, não somente entre professor-aluno, mas também entre aluno-aluno. Segundo Maturana, “processo em que a criança ou o adulto convive com o outro e, ao conviver com o outro, se transforma espontaneamente, de maneira que seu modo de viver se faz progressivamente mais congruente com o do outro”, portanto, nossas relações são de extrema importância na construção da nossa personalidade. Lembro que fui extremamente influenciada por dois colegas de escola, os quais conviveram desde criança comigo. Devido a eles decidi estudar em Porto Alegre, fazer uma graduação na UFRGS, pois para mim se existe uma universidade com nível de excelência, eu também poderia fazer parte dela, assim como estes meus dois colegas. Por esse motivo me graduei em Física por esta universidade e, pelo mesmo motivo relacionado à excelência resolvi retomar um projeto de vida que é a Educação e, portanto, o PEAD.
Em relação ao egocentrismo/descentração do professor e do aluno, lembro de um episódio não bem sucedido com uma aluna do EJA. Era uma aluna que possuía extrema dificuldade em comparação com os demais alunos e, no entanto, faltava muito às aulas. Certo dia, em uma de minhas aulas de Física, a aluna se manifestou dizendo que ela não entendia nada daquilo que eu estava explicando, que tudo parecia “grego”. Fiquei uma fera, pois era natural que ela não soubesse, uma vez que pelo número de faltas não havia como ser diferente. Acabei respondendo algo, e não fui nada gentil. Depois me arrependi, mas era tarde demais, já havia falado. No final da aula conversamos e entendi a situação da aluna, pois ela pertencia a uma realidade de vida difícil, por esse motivo freqüentava pouco as aulas, e, além disso, tinha uma dificuldade enorme. Contudo, o que aprendi com meu erro foi que antes de agir impulsivamente preciso me acalmar e tentar compreender mais o aluno, tentar saber o que está havendo com ele, caso ele queira compartilhar seu momento comigo. Então, ficou a lição e o exercício de se colocar no lugar do aluno para compreendê-lo, antes de tudo.
Viviane Maus
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
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